Entenda o que é o custo de capital, utilizado para calcular o retorno de investimentos em startups
Avaliar o custo de capital é uma forma de compreender se determinado investimento pode ou não ser interessante para a empresa
No mercado de venture capital, há diversos aspectos que os empreendedores de startups devem conhecer. Esses pontos variam de acordo com a estratégia e objetivos do negócio. Podem ser questões mais simples, como a realização de rodadas de investimentos por meio de crowdfunding, a elaboração do valuation de uma empresa ou mesmo se manter atualizado a respeito de dados do mercado.
E também questões que exigem um pouco mais de conhecimento. O melhor momento para fazer o ‘exit’ de uma empresa, o modelo de oferta de stock options para reter talentos ou sobre as mudanças regulatórias realizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) são alguns desses pontos.
Outro tema fundamental para founders e partners é compreender o custo de capital, ou seja, ter noção precisa sobre quanto uma companhia deve produzir para faturar o suficiente para ao menos financiar o funcionamento de sua operação ou um novo investimento.
Entenda mais abaixo.
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Custo de capital
Quando os assunto são as grandes empresas, o custo de capital é levado em consideração para decidir a respeito de determinado aporte que vise a geração de receita futura, como a ampliação de uma fábrica ou centro de distribuição, por exemplo. Normalmente, são projetos que buscam retorno em um horizonte de tempo que varia entre o médio e o longo prazo.
No caso do segmento de venture capital, pode ser um fator decisivo para colocar em prática o lançamento de novos produtos ou ampliação de um item já existente do portfólio, no desenvolvimento de aplicativos e plataformas, ou, ainda, na criação de novas verticais para atender a demanda de clientes.
Para entender como esse modelo funciona, veja o seguinte exemplo: ao buscar R$ 100 milhões junto a instituições financeiras de mercado para investir em um novo negócio — e, portanto, arcar com os juros da operação -, uma companhia tem como alvo uma receita futura bastante superior a R$ 50 mil, por exemplo.
Essa taxa de retorno versus o risco do negócio é uma questão decisiva para dar continuidade à iniciativa ou optar por retomar tal ideia no futuro.
CAPM — Capital Asset Pricing Model
Há diferentes maneiras para avaliar a relação entre o risco e retorno de determinado investimento. Aqui, vamos falar de algumas das mais comuns. Uma dessas métricas é o CAPM (Capital Asset Pricing Model, ou Modelo de Precificação de Ativos de Capital, em português).
O CAPM é um indicador desenvolvido por Jack Treynor, William Forsyth Sharpe, John Lintner e Jan Mossin com base no trabalho de Harry Markowitz (vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 1990).
Em seu trabalho, Markowitz aborda a importância da Teoria do Portfólio. Por sua vez, o CAPM permite que investidores estabeleçam uma taxa de retorno para um ativo ao considerar os fundamentos de mercado, o setor de atuação da companhia e o perfil de seus investidores.
Para isso, estabelece duas direções para a relação de risco versus retorno: o risco não diversificável, como mudanças na direção política de um país ou algum evento imprevisto, e o risco diversificável, que visa reduzir eventuais adversidades por meio da diversificação.
WACC — Weighted Average Capital Cost
Outra forma de entender o custo do capital é por meio do WACC (Weighted Average Capital Cost, Custo Médio Ponderado de Capital, em português). De forma simples, é uma métrica que calcula o quanto uma empresa deve ter de resultado por conta de seus investimentos.
O WACC pode ser realizado dessa maneira: Ke (custo de capital próprio) x We (percentual de capital próprio na estrutura da companhia) + Kd (custo de capital de terceiros) + Wd (percentual de capital de terceiros na estrutura da companhia). Dessa forma, quanto menor o WACC, menor a dependência de investidores externos.
Crowdfunding
Ao chegar até aqui, o leitor deve estar se perguntando: qual, afinal, são os modelos para reduzir o risco e aumentar o retorno dos investimentos?
Seja para o desenvolvimento de um produto ou ganho de escala do negócio, uma das maneiras mais eficientes para chegar lá é justamente por meio de rodadas de crowdfunding.
Neste sentido, os riscos e sucessos do negócio são compartilhados por meio de financiamentos coletivos. Assim, o crowdfunding viabiliza a participação de pequenos e micro investidores na indústria de venture, o que seria mais difícil por meios tradicionais.