Volume de investimentos em startups cresce 165% em 2021. O que mais vem por aí?

SMU Investimentos
4 min readMay 20, 2022

Empresas brasileiras captaram US$ 9,43 bilhões no último ano, 2,5 vezes superior a 2020. Mesmo com US$ 2,04 bilhões em aportes no primeiro semestre, empreendedores de risco podem ter cenário mais desafiador

Com um cenário de aumento da inflação, o impacto causado pela COVID e a invasão russa na Ucrânia, a economia global passa sérias turbulências. Nos dois últimos anos, nem mesmo a pandemia reduziu o apetite de investidores que apostam em venture capital.

Essa percepção é reforçada pelos inúmeros aportes recebidos pelas startups — aportes desde empresas de tecnologia ainda em early stage até os mega ‘rounds’ de milhões de dólares em companhias mais consolidadas.

Vejamos os números para uma noção precisa. Segundo dados da plataforma de inovação aberta Distrito, as 779 rodadas realizadas em 2021 resultaram em investimentos de US$ 9,43 bilhões. Para se ter ideia, o montante representa crescimento acima 2,5 vezes (165%) sobre o ano anterior, ou mais de 60 vezes na comparação com 2011 (US$ 147 milhões).

No período, 10 empresas souberam aproveitar bem o momento para atingir o status de unicórnio — aquelas avaliadas acima de US$ 1 bilhão: MadeiraMadeira, Hotmart, C6, Mercado Bitcoin, Unico, Frete.com, CloudWalk, Merama, Facily e Olist. E, após a rodada recente de US$ 300 milhões do banco digital Neon, já são 22 unicórnios no país.

Ao observar de perto cada segmento da indústria, vemos que as fintechs receberam a maior fatia de investimentos: foram US$ 3,7 bilhões em 176 rodadas realizadas no último ano, superando todos os negócios durante 2020.

Por sua vez, as retailtechs aparecem em segundo lugar no ranking, com US$ 1,3 bilhão em 87 transações. Com US$ 1,07 bilhão em 32 aportes, as empresas do mercado imobiliário (real state) despontam na sequência, seguida das healthtechs, que levantaram US$ 530 milhões em 69 rodadas, e as startups de mobilidade, que receberam US$ 411 milhões em 20 ‘deals’.

Já na divisão pelo estágio das startups, as 27 transações de Série C registraram o maior volume de recursos, com US$ 2,04 bilhões. As rodadas Série B e Série A surgem na sequência, com US$ 1,92 bilhão e US$ 1,47 bilhão, respectivamente.

No entanto, as startups em estágio inicial foram responsáveis pelo maior número de rodadas. Os negócios nas fases Seed, de US$ 320 milhões, e Pré-Seed, com o total de US$ 47 milhões, foram concluídos em 279 transações.

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Mais unicórnios em 2022

Se 2021 foi um ano histórico, as movimentações no início de 2022 apontam para um panorama menos intenso. Além das questões geopolíticas, as altas das taxas básicas de juros em diversos países tendem a reduzir o volume disponível para capital de risco. Em um ambiente mais volátil, investidores buscam opções que possam proteger seus patrimônios.

No Brasil, o aperto monetário teve início em abril do último ano. De lá para cá, a taxa Selic saiu de 2% para 11,75% ao ano. E, segundo economistas consultados pelo Banco Central, os juros no país podem chegar a 13% ao ano, perspectiva que incentivaria ainda mais a migração de ativos de risco para a renda fixa.

Outras análises levam em conta, também, a revisão dos aportes dos fundos de fundos de investimentos. Até o momento, porém, há rodadas relevantes. No primeiro semestre deste ano, as startups brasileiras receberam US$ 2,04 bilhões, alta de 4% na comparação com o período de janeiro a março do ano passado, quando as movimentações alcançaram US$ 1,96 bilhão.

Alguns dos destaques foram a Série F da Creditas, de US$ 260 milhões, a Série C da plataforma de benefícios corporativos Flash, no valor de US$ 100 milhões, e o investimento Seed no ecossistema Latitud, de US$ 11,5 milhões.

Em relatório, o Distrito aponta que ainda mais companhias podem superar a casa do US$ 1 bilhão em valor de mercado neste ano. De acordo com a plataforma, 14 startups estão na corrida para atingir o status de unicórnio.

Além da confirmação do Neon, algumas delas são Petlove (de serviços e produtos para pets), Alice (plano de saúde), Cora (fintech), a55 (fintech), Contabilizei (contabilidade), Conta Azul (fintech), Shopper (e-commerce para o varejo), Buser (mobilidade), Open Co (fintech) e Warren (fintech).

Para chegar à conclusão, foram consideradas empresas de tecnologia que receberam mais de US$ 100 milhões em alguma rodada e que estão próximas de um valuation de US$ 600 milhões. Assim, elas poderiam mudar de patamar já em um próximo round.

Em 2023, outras sete startups podem atingir a casa do bilhão em valor de mercado. Ao que tudo indica, o segmento ainda tem muito o que avançar.

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