Alimentos orgânicos: veja como as foodtechs colaboram para criar novas tendência

SMU Investimentos
3 min readApr 22, 2022

Na pandemia, o uso de aplicativos ganhou maior tração entre os consumidores para compras pelo delivery, de alimentos frescos direto do campo e de itens sustentáveis

Durante a pandemia, diversos hábitos de consumo foram modificados em razão do isolamento social. Por sua vez, muitas empresas precisaram adaptar produções inteiras para atender às novas necessidades dos consumidores. Essa perspectiva gerou maneiras alternativas de atendimento e desenvolvimento de produtos e serviços para públicos-alvo específicos.

Dessa forma, as vendas de varejistas via e-commerces dispararam e os aplicativos do setor de food service se mostraram a melhor forma de entregar as ofertas de bares, restaurantes e padarias aos clientes. Além disso, serviços como pequenas reformas residenciais e a troca de mobílias e artigos de decoração também registraram bons resultados.

Esse processo tem como pano de fundo a busca por maior qualidade de vida, o que inclui uma análise atenta sobre a alimentação. Se no início do isolamento social os apps foram usados para escoar a produção do campo e fazer a ponte entre os feirantes e as famílias, com o tempo essas ferramentas também se tornaram essenciais para a escolha de verduras, legumes e frutas.

Ao observar os detalhes, podemos perceber que produtos premium e orgânicos, que exigem maior poder aquisitivo pelas suas particularidades de produção, ganharam mais espaço na mesa do consumidor.

Dados da Associação de Promoção dos Orgânicos (Organis) apontam que as vendas de alimentos orgânicos registraram crescimento de 12% em 2021, movimentando R$ 6,5 bilhões no país. Já no primeiro ano da pandemia, esse salto foi ainda mais exponencial: avanço de 29%, para R$ 5,8 bilhões.

Na cadeia de orgânicos, aliás, o Brasil possui uma veia empreendedora de destaque. Além de produções em larga escala, artigos nacionais como café, cacau, queijo, mel, cachaça e vinhos são conhecidos por suas qualidades e peculiaridades de sabores regionais. Com a tecnologia, os produtores podem fazer novas descobertas e experimentos.

No ecossistema da inovação, muitos veículos de venture capital estão de olho em novas soluções, com as foodtechs ganhando cada vez mais espaço. Atualmente, são 337 startups voltadas para o segmento alimentício, ante 269 em 2017, segundo relatório do fundo de investimento Outcast Ventures realizado junto da plataforma de inovação Distrito. O levantamento aponta que os 129 ‘deals’ em foodtechs somam mais de US$ 1 bilhão entre 2010 e 2021.

Essas startups estão pulverizadas em nichos como delivery e logística, aplicativos de consumo, plataformas de comercialização de itens perecíveis direto aos consumidores, rastreabilidade e gestão de resíduos, entre outros. Elas podem, ainda, ter diferentes formatos, como marketplaces, e-commerces e serviços de assinatura.

Mas, uma tendência nos últimos anos é o uso de tecnologia embarcada para criar categorias que atendem públicos cada vez mais críticos com a origem dos produtos, que questionam o bem-estar animal e que desejam comprar alimentos livres de agrotóxicos. Para exemplificar, podemos falar das empresas plant-based, de portfólios funcionais ou à base de insetos.

Entre as foodtechs brasileiras, há inúmeros cases de sucesso, a exemplo de IFood (delivery de comida), Fazenda Futuro (plant-based), Daki (entrega de alimentos), Liv Up (de alimentos frescos, congelados e orgânicos), Shopper (supermercado online) e The Coffee (rede de cafeterias).

Sem falar em empresas da América Latina que desembarcaram no Brasil, como a colombiana Rappi — que iniciou como delivery e hoje também dispõe produtos de varejo e até financeiros — e a chilena NotCo (plant-based).

Ao apontar tendências para os próximos anos, o Outcast Ventures e a Distrito frisam que os consumidores não estão atentos apenas à saúde física, como buscam avaliar certos aspectos mais abrangentes, como o impacto de certos alimentos, sua origem, a transparência e a sustentabilidade na cadeia de produção.

“Os consumidores, agora mais exigentes, estão em busca de uma alimentação que olhe para as suas necessidades e não mais uma dieta feita para o corpo e funcionamento médio da população. A orientação básica e padrão de, por exemplo, comer frango com batata doce e ovos a fim de ganhar massa magra, não tem mais vez”, diz o relatório.

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